18 de dezembro de 2009

A lenda do diamante roséo


Quando, após o sétimo dia da Criação, Deus despertou do seu sono de operário e viu que tudo o que havia feito era bom.

Ficou de tal forma contente que se atirou a fabricar, para pequeninos enfeites do mundo, as pedras preciosas.
A ametista, fizera-a ele de uma violeta esmagada;
o topázio, de um raio de sol;
a turquesa, de um reflexo da lua;
o ônix, de um pedaço da noite;
a esmeralda, de uma folha de roseira;
o berilo, de um pouco de mel;
a safira, de um pingo de tinta do céu;
a opala, com a água do mar;
quando Eva, no Éden, feriu o dedo, no primeiro espinho brotado na terra, fez ele, com a gota do sangue, o primeiro rubi;
e da primeira lágrima alegre dos seus olhos, o diamante.
E espalhou tudo isso pela face da Terra, para encanto dos dois únicos habitantes do Paraíso. Formando, assim, esse tesouro colorido, desceu ao coração da primeira mulher e, do seu primeiro sonho de amor inocente, fez um diamante róseo.

Um dia, porém, o Demônio venceu, na luta contra o seu antigo Senhor e Deus, e tomou conta da Terra. As pedras preciosas, que estavam à superfície, tomou-as, ele, nas mãos, de grandes unhas recurvas, e atirou-as ao leito dos rios, ao fundo das grutas, às cavidades mais secretas do solo, para que os homens, mais tarde, se odiassem, se hostilizassem, se destruíssem, descendo às profundezas do globo e varando o ventre virgem das montanhas, para se apossar delas de novo.


O diamante róseo era, porém, o mais valioso de todos. E o Demônio, no ódio que lhe consumia a alma, pensou na sua destruição. Tomou, assim, a pedra divina. Inventando a bigorna, colocou sobre ela o diamante maravilhoso. E suspendendo, nas mãos enormes, o grande martelo que forjara as portas de bronze do inferno, fê-lo descer, num rugido, sobre a pedra delicada. E esta, fragmentando-se, tornou-se em mil estilhaços miúdos, que se espalharam pelo mundo.

O Demônio é grande no seu rancor, mas Deus é maior, ainda, na sua bondade. Aquela jóia, única em toda a Terra, não poderia ser reconstituída. Mas os seus fragmentos deviam eternizar-se ter um destino ainda mais belo.

- Que nasça, no centro do Paraíso, uma arvore elegante e verde, e que levante para o céu os seus galhos alegres! – disse o Senhor.

E nasceu o ipê, a árvore graciosa e forte das montanhas brasileiras.

- Que os estilhaços do diamante róseo se transformem em flores, e, amarelas e róseas, cubram os galhos da árvore gentil! – tornou Deus.

E assim apareceu, na Terra, o ipê, a árvore mais nova do Brasil moço, balouçando a copa elegante, amiga de borboletas, noiva de insetos, namorada de pássaros, toda vestida de flores...


Procurei por essa lenda por muito tempo. Me lembrava quase que por completo, mas não conseguia encontrar em lugar nenhum. Quando li pela primeira vez, foi no livro Panorama, eu estava na quinta série. É simplesmente linda.

2 comentários:

António disse...

Feliz Natal!!! Beijos.

Anônimo disse...

QUE COISA MAIS LINDA................

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